Recursos terapêuticos

Pé Torto Congênito

O Pé Torto Congênito (PTC) é uma deformidade complexa que envolve ossos, músculos, tendões e vasos sanguíneos. O pé é geralmente pequeno e assume a posição em equino-varo-supinado (calcanhar elevado, pé voltado para dentro e rodado para cima) (Figura 1).


Figura 1: Pé torto congênito bilateral

O PTC idiopático ocorre em crianças sem alterações subjacentes que justifiquem o quadro e não se resolve de forma espontânea. Outros tipos de pés tortos são: o postural, que se resolve habitualmente com manipulações; o neurológico, associado à mielomeningocele; e o sindrômico, presente nas crianças com outras anomalias congênitas; os dois últimos, geralmente rígidos e muito resistentes ao tratamento.
A deformidade ocorre em cerca de 1 para 1000 nascidos vivos e é bilateral em 50 por cento das crianças, quando unilateral, é mais frequente à direita. Os meninos são duas vezes mais acometidos do que as meninas.
O osso que apresenta maior deformidade é o tálus, que tem seu colo encurtado e sua superfície medial diminuída. O ângulo formado pelo eixo longo da cabeça e do colo com o eixo longo do corpo do tálus é chamado ângulo de declinação, que num pé do adulto normal é de aproximadamente 150o a 160o e no PTC seu valor está entre 115o e 135o. O navicular e o calcâneo estão deslocados medial e plantarmente em relação ao tálus; o cuboide está deslocado medialmente em relação ao calcâneo; e o tornozelo encontra-se em equino. Ainda não se sabe com precisão a causa do PTC ( Pé Torto Congênito), mas acredita-se que seja genética.
Algumas teorias procuram explicar o mecanismo pelo qual se desenvolve a deformidade. De acordo com a teoria esquelética, o defeito primário estaria na deformidade de alguns ossos do pé. A teoria muscular fundamenta-se em achados de estudos ao microscópio eletrônico, que demonstram alterações de fibras musculares no PTC. Conforme a teoria neurológica as alterações primárias estariam nos nervos periféricos. A teoria vascular baseia-se no fato de que anomalias arteriais em fetos e embriões podem determinar deformidades congênitas. Existe ainda a teoria da ‘parada do desenvolvimento embrionário’ que defende a ideia de que o pé permaneceria em seu estado embrionário desde a 5a. semana de gestação.
O diagnóstico do PTC é feito no recém-nascido através do exame físico, que tem como um dos objetivos afastar outras condições que também se apresentam com pé torto ao nascimento.

Tratamento

Logo após o nascimento, quando a condição é leve e o pé está relativamente móvel, o fisioterapeuta pode realizar estiramentos passivos.
Sendo importante à fixação da extremidade inferior da tíbia e manter o joelho fletido para evitar dano nas epífises tibial distal e fibular, e na articulação do joelho. A deformidade em flexão plantar deve ser corrigida por pressão no calcanhar e não no antepé.
Quando se usa bandagem adesiva para manter a posição correta, ela deve ser aplicada pelo fisioterapeuta e substituída uma ou duas vezes por semana.. o fisioterapeuta deve ter experiência e ser hábil no uso das bandagens, pois há riscos envolvidos no enfaixamento incorreto, como por exemplo, ele pode ficar muito apertado e impedir a circulação ou causar feridas por pressão ou a pressão pode ser maior que o que a criança pode tolerar.
A mãe deve aprender a observar qualquer problema com o enfaixamento ou com outros métodos de fixação e relatar imediatamente se houver um problema qualquer. Caso a deformidade não possa ser corrigida de modo conservador, a cirurgia é o tratamento eleito.



Atualmente, utiliza-se o método de Ponseti, que apresenta uma morbidade menor e resultados melhores com pés flexíveis, corrigidos e quando ocorre a recidiva, o tratamento é bem menor que o anterior.
O método de Ponseti consiste em correção das deformidades de forma gradual, realizando-se manipulações suaves e colocação de aparelhos gessados longos semanalmente. Há a necessidade de seis a dez gessos para correção. Após, realiza-se tenotomia – liberação do tendão calcâneo , sob leve sedação, para corrigir a última deformidade presente, que é o pé equino.
Utiliza-se o gesso por mais três semanas, já com o pé em boa posição e, posteriormente, coloca-se uma órtese denominada de Dennis-Brown num período inicial de vinte e três horas diárias. Reduz-se para dezesseis horas aos nove meses. Para crianças de um ano até os quatro anos de idade indica-se o uso noturno.

http://www.rbo.org.br/materia.asp?mt=1732&idIdioma=1
http://www.sarah.br/paginas/doencas/po/p_13_pe_torto_congenito%20.htm
http://www.brasilclinicas.com.br/artigos/ler.aspx?artigoID=359
http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/traumato/pe_torto_congenito.htm



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Bolas Suíças e Fisioterapia pediátrica.


A Bola Suíça é um recurso terapêutico amplamente utilizado por fisioterapeutas no mundo inteiro, sendo empregada no tratamento de pacientes com as mais variadas condições. As bolas Suíças são esferas infláveis fabricadas em vinil de alta resistência. Estas bolas são conhecidas por diversos nomes; entre eles: Bola Bobath, Bola de Estimulação, Bola Terapêutica, Gym, Yoga ou Fitness Ball, e mais recentemente também como Bola Pilates.
Devido à sua versatilidade, as Bolas Suíças podem ser utilizadas no processo de reabilitação de pacientes com lesão neurológica, ortopédica, em geriatria, para o condicionamento físico (fitness), e também em alguns pacientes ainda na Unidade de Terapia Intensiva. Sua indicação mais clássica é para o tratamento de crianças com disfunções neuromotoras, sendo que muitas pessoas associam a Bola Suíça à fisioterapia pediátrica quase como se fossem sinônimos. Não é a toa que ela é conhecida como Bola Bobath.


Curiosamente, ao contrário do que seu nome sugere, este equipamento foi originalmente desenvolvido na Itália em 1963 como um brinquedo chamado de Pezzi Ball. A denominação de Bola Suíça provavelmente se originou de fisioterapeutas Norte-Americanos que aprenderam sobre os princípios dos exercícios com bolas desenvolvidos por Susanne Klein-Vogelbach (sendo ela própria Suíça) enquanto trabalhavam ou estudavam na Europa. A Dra Klein-Vogelbach e seus alunos de fisioterapia analisaram e descreveram os exercícios com bolas que tinham como meta estimular movimentos e reações de equilíbrio especialmente em crianças com paralisia cerebral.
A liberdade de movimentos proporcionada pelo deslocamento da bola ao redor de um ponto central no solo oferece ao fisioterapeuta a possibilidade de desafiar o equilíbrio, a coordenação e a força muscular do paciente em uma variedade espantosa de manuseios. O grau de ativação muscular necessária para manter o equilíbrio e completar o exercício proposto sobre uma base instável é muito maior do que o mesmo exercício realizado sobre o solo. Entretanto, nem todos os manuseios impõem um grau de dificuldade ao paciente. Com a Bola também é possível facilitar alguns movimentos de tronco, extremidades e cabeça. Estas facilitações são particularmente úteis em crianças com disfunção neuromotora.
Quando se faz uso da Bola Suíça para o tratamento de crianças é preciso ter em mente que o objetivo final de qualquer programa de reabilitação é reduzir os efeitos das incapacidades físicas, psicológicas e intelectuais, tornando o indivíduo o mais funcional possível. Não raro, o tratamento destas crianças estende-se por anos a fio e, naturalmente o ambiente terapêutico deve ser motivador e estimulante. Neste sentido, as atividades terapêuticas desenvolvidas com a Bola Suíça podem vir a oferecer uma alternativa lúdica capaz de combinar terapia e diversão. Crianças gostam de novidades, e crianças com disfunções neuromotoras não são exceção.


As bolas Suíças são extremamente versáteis, permitindo inúmeras variações e adaptações nos exercícios, podendo ser usadas em conjunto com bancos, rolos e mesmo duas bolas simultaneamente. Adquirir um entendimento da adequado da bola e de como utilizá-la permite ao fisioterapeuta escolher ou criar os exercícios que satisfaçam as necessidades de seus pacientes. Neste sentido, uma das poucas regras que devem ser seguidas ao se trabalhar com bolas é que não é o paciente que deve se adaptar ao exercício, mas sim o exercício que deve se adaptar ao paciente (palavras da própria Susanne Vogelbach ) .

A Bola Suíça possui duas características que garantem a sua versatilidade como recurso terapêutico:
(1) Sua forma arredondada, a qual permite que seja rolada em qualquer direção, e
(2) O seu tamanho, o qual garante uma área de superfície ampla o suficiente para trabalhar com o paciente sentado ou mesmo deitado sobre a bola.

As atividades desenvolvidas sobre uma superfície instável estimulam a integração de informações visuais, vestibulares e somatossensoriais. As respostas motoras obtidas durante o manuseio podem ser direcionadas de modo a facilitar as reações de equilíbrio, de proteção, os ajustes posturais; ou simplesmente direcionadas para o ganho de força muscular.

Cuidados para a Prática Segura


Existem alguns cuidados que devem ser respeitados em relação ao atendimento de crianças utilizando as Bolas Suíças. Uma vez que as bolas podem rolar para todas as direções, os fisioterapeutas devem estar atentos o tempo todo a segurança dos pacientes. É também importante estar atentos a algumas precauções e contra-indicações.
O atendimento deve ser realizado preferencialmente em ambiente com piso antiderrapante. Caso o local não conte com esta infra estrutura, pode-se utilizar tatames emborrachados ou colchonetes antiderrapantes. Este cuidado é importante uma vez que os pisos de cerâmica fazem com que a bola deslize, dificultando o controle da bola e conseqüentemente pondo em risco a segurança do paciente.
O tamanho da bola será determinado pelo tipo de manuseio a ser utilizado. De modo geral, as bolas de 60cm ou maiores permitem que crianças sejam estimuladas na postura sentada e também realizem transferências de sentado para deitado por sobre a bola (naturalmente, esse manuseio depende do tamanho da criança) Entretanto, se o objetivo for desenvolver um trabalho onde a criança precise sentar-se e apoiar os pés no solo, neste caso uma bola menor deve ser utilizada. O diâmetro deve ser aquele que permita à criança sentar-se formando um ângulo de 90º de flexão de quadris e joelhos. É importante inflar as bolas até que fiquem firmes. Assim poderão rolar facilmente. Para isto, podem ser usados compressor de ar, uma bomba de inflar ou o próprio pulmão do estagiário; o que for mais fácil.
Pacientes com Derivações Ventriculares devem evitar posições que tendam à manter a cabeça abaixo do tronco. Em outras palavras: Devem permanecer sempre com a cabeça elevada durante os manuseios.
Pacientes gastrostomizados não devem ser posicionados em prono sobre a bola, a não ser que você tenha muita segurança no que está fazendo.
Embora as Bolas Suíças sejam um atrativo para muitas crianças, existem aquelas que se apavoram com a instabilidade gerada pela bola.
Pacientes com medo não devem ser forçados a permanecer na bola.
As Bolas Suíças devem ser mantidas sempre limpas para evitar o risco de contaminação.

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